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Redes Sociais: igualdade ilimitada ou espetáculo?

junho 28, 2011 7 comentários

“This hunger for celebrity news is like a disease” Patti Smith

Vídeo acima traz uma entrevista com Patt Smith, a ‘Rainha do Punk’. A cantora participou de um evento sobre propaganda em Cannes e falou da necessidade das pessoas em acompanhar as novidades sobre celebridades. Para a hoje ‘avó do punk’, essa “fome por notícias de gente famosa se caracteriza como uma doença”.  

Muito tem se falado nos últimos tempos de como as redes sociais – Twitter e Facebook, principalmente – vêm contribuindo para a difusão da igualdade. Manifestações ao redor do mundo, e também aqui no Brasil, demonstraram como a web tem o poder de congregar os indivíduos em torno de uma causa, acabando inclusive com um monopólio da informação por parte de pequenos grupos “oligárquicos”. Além disso, as redes sociais colocam no mesmo balaio celebridades e sujeitos comuns, que interagem de forma direta.

Em parte, isso é verdadeiro. Não sou entusiasta, nem apocalíptico, no que diz respeito às redes sociais, pois tenho a percepção de que visões extremadas tendem a nos tirar a capacidade de reflexão e autocrítica. Contudo, devemos admitir: essas ferramentas possibilitam uma capacidade de mobilização nunca antes descrita ou, desconfio eu, sequer imaginada.

Por outro lado, uma pesquisa divulgada na última Social Media Week demonstrou que a mídia tradicional ainda pauta a mídia social, a segunda funcionando apenas como meio de repercussão da primeira. E, pensando friamente, quantas pessoas públicas não “existem” na rede graças ao trabalho de assessores e especialistas em mídia digital, construindo a imagem que quiserem de si próprios.

Chamo a atenção para esse fato, pois proponho um questionamento: até que ponto esse “poder social” existe? E, mais importante, até que ponto estamos dispostos a aderir a ele? Pergunto tudo isso porque descobri recentemente uma publicação online que trata exclusivamente de registrar a vida da “Alta Social Media” (sic) brasileira. Podemos considerá-la a Revista Caras das redes sociais. A mim, parece contraditória, em um ambiente teoricamente democrático, essa autodenominação. Pois, se existe uma alta social media, subentende-se que há uma baixa social media, que não mereça tanta atenção.

Isso evidencia um fato deprimente: todos queremos e agimos nas redes para sermos retuitados, curtidos, consumidos. Mas e o que somos na internet, reflete a nossa essência? Ou apenas criamos uma imagem que sirva para nos tornarmos “alta social media”, mais consumidos que os demais. Para reflexão, deixo aqui um trecho retirado da sociedade do espetáculo, escrito por Guy Debord em 1931:

“O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas midiatizada por imagens”.

Cada um tire suas próprias conclusões…

 

Postado por: Filipe Rubim