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Saint Patrick’s Day no Brazil?!

junho 23, 2011 1 comentário

Se bem entendi, um dos aspectos do texto da Ana Flávia é que há uma ideia de que haveria na Europa um recrudescimento no ímpeto consumista porque eles talvez estejam em um outro estágio do capitalismo; e nós, indiozinhos, ainda estaríamos engatinhando em direção ao pote de ouro, que eles já perceberam não ser tão dourado assim.

E se bem entendi, um dos aspectos do último texto do Filipe Rubim é que por padecermos da ética do aventureiro, não desenvolvemos o “entendimento”, apenas a “vontade”.

No entanto, não acredito nessa nossa suposta ética do aventureiro.

Autores contemporâneos (entre eles Leandro Karnal, que escreveu um belo livro sobre a “História dos EUA – das origens ao século XXI”) discordam em gênero número e grau do “Raízes do Brasil”, que precisamos lembrar ser um livro de 1936.

Segundo ele, há uma explicação fantasiosa de que a riqueza dos EUA e nossas mazelas decorreriam de dois modelos históricos: as colônias de povoamento e as de exploração.

A ideia de sermos “colônia de exploração” vai de encontro à ideia da ética do aventureiro, onde existiria uma busca pelo lucro imediato.

Mas, segundo esse pensamento mais recente, a colonização ibérica foi escandalosamente mais organizada, planejada e metódica que a anglo-saxônica. Possuíamos na América ibérica uma população urbana maior, com mais comércio, e já certa produção artística, cultural e filosófica, talvez graças à erudição dos religiosos que para cá vieram.

Não fomos, portanto, como nos ensinaram na escola, colônias de exploração. Não partilhamos, portanto, da ética do aventureiro.

Então o que acontece com este povo?

Segundo o próprio Max Weber, o capitalismo e o protestantismo estão profundamente associados. Como será que se desenvolveria então o capitalismo onde a filosofia de vida era fundamentalmente oposta à do protestantismo?

Ué, já temos a resposta. Aqui o capitalismo se desenvolveu, desde o início, desatrelado de qualquer base moral que lhe desse um sentido.

O problema, ao meu ver, além da adoção de hábitos extrínsecos à nossa cultura desde muito cedo é que agora, séculos depois, numa terra carente de tudo, provavelmente as pessoas usem o consumo para suprir todo o resto que falta, e sequer se dão conta disso.

Talvez, se tivéssemos um mínimo de bem estar, talvez… não precisássemos consumir tanto. Mas aí talvez fôssemos ruivos e comemorássemos o Saint Patrick’s day.

Postado por: Danilo Gonçalves